Adormecida.
Mas pelo que ainda sente,
é tão real quanto seus medos.
E então naquela casa sem formas,
sem portas, apenas janelas,
ela estava sem perceber.
Olhando ao seu redor.
Com nenhum olhar,
nenhum sorisso,
nenhuma feição.
E a luz parece ali não ter.
Apenas o clarão que a lua nos cedeu,
pela sua misericordia,
para que os dias dela
não sejam tão escuros.
Não tão escuros como os de que
ela enxergava pela sua janela.
Tão negro,
tão impenetravel,
aquele vazio de solidão.
Seus cabelos negros e longos,
com um belo contraste em seu vestido
branco de pano velho.
E em seu reflexo ela se perdeu
por horas, meses quem sabe anos.
E mesmo depois de tanto tempo
ela ainda nao se encontrou.
E em sua casa sem formas,
a música começou a ser ouvida.
Seus acordes tão em desacordo.
Uma música suave.
E em seu soar um adeus,
um adeus para as formas de seu corpo.
E o vermelho daquele desabrochar começa a manchar
seu vestido branco de pano velho,
e as doces teclas que tocava,
e como um final de uma canção,
ela se foi em seu choro silencioso.
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